quinta-feira, 30 de maio de 2013

Festa e procissão de Corpus Christi (ou Corpus Domini)

o corporal ensanguentado está na basílica de Orvieto onde pode é visto e venerado pelos fiéis
Corporal com gotas do Preciosíssimo Sangue do milagre de Bolsena,
na basílica de Orvieto
Na Idade Média, os homens tinham uma devoção enlevada pela pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A história da festa de Corpus Christi tem origem nessa devoção.


Pelo fim do século XIII, na Abadia de Cornillon, em Liège, Bélgica, nasceu um Movimento Eucarístico que deu origem à Exposição e Bênção do Santíssimo Sacramento, o uso dos sinos na elevação na Missa e a própria festa do Corpus Christi.

Neste ano de 2012, a festa de Corpus Christi cai no dia 7 de junho. 

A abadessa Santa Juliana de Mont Cornillon ardia em desejos de que o Santíssimo Sacramento tivesse uma festa especial.


Santa Juliana comunicou a visão a vários prelados
Miniatura do Livro de Horas (devocionário) de Maria de Borgonha.
A devoção do Ssmo. Sacramento deito profunda raízes na Idade Média.
Ela teve uma visão em que a Igreja aparecia como uma lua cheia com uma mancha negra, sinal da ausência da solenidade.

Santa Juliana comunicou a visão a vários prelados. Entre estes estava o futuro Papa Urbano IV.

O bispo Roberto de Liège, em 1246, instituiu a celebração na diocese. O exemplo se estendeu especialmente por toda a atual Alemanha.

Em 1263, o Papa Urbano IV estava em Orvieto, ao norte de Roma.

Na vizinha localidade de Bolsena, o padre alemão Pedro de Praga celebrava Missa na Igreja de Santa Cristina. 

Um dia, em plena Missa, ao partir a Sagrada Forma, saiu dEla sangue que empapou o corporal.
O padre celebrava mas com sérias dúvidas
sobre Presença Real de Cristo na Hóstia consagrada
quando essa começou a pingar sangue.
Ele tinha sérias dúvidas sobre a realidade da presença de Cristo na Hóstia consagrada.

Assim que ele completou as palavras da Consagração, o Sangue começou a escorrer da Hóstia Consagrada e correr por suas mãos abaixo, sobre o altar e sobre o linho (corporal).

Vendo isto, ele interrompeu a Missa e viajou depressa a Orvieto onde o Papa Urbano IV residia.

Ao ouvir a história dele, o Papa o perdoou por ter dúvidas e enviou os representantes a Bolsena, para investigarem.

Paroquianos e outras testemunhas confirmaram a história do padre; e a Hóstia e os linhos manchados estavam lá para todos verem.

Este se conserva até hoje na basílica de Orvieto ― construída, aliás, para guardá-lo ― onde pode ser visto e venerado pelos fiéis.

O Santo Padre movido pelo prodígio, e a petição de vários bispos, estendeu a festa do Corpus Christi a toda a Igreja por meio da bula "Transiturus" de 8 setembro do mesmo ano de 1264.

No século XIII nasceu um Movimento Eucarístico que deu origem à Exposição e Bênção do Santíssimo Sacramento
Bênção do Ssmo. Sacramento na Festa de Corpus Christi,
Blackfriars, Oxford, Inglaterra
Urbano IV encarregou o ofício e a liturgia das horas a São Boaventura e a Santo Tomás de Aquino.

Mas quando o Pontífice começou a ler em voz alta o ofício feito por Santo Tomás, São Boaventura, despretensiosamente foi rasgando o seu em pedaços.

As procissões de Corpus Christi se fizeram comuns a partir do século XIV.

Quando os protestantes conceberam a estultice de negar a Presencia Real de Nosso Senhor Jesus Cristo na Hóstia consagrada, o Concílio de Trento reforçou o costume.

O Concilio de Trento dissipou os erros protestantes, determinado que fosse celebrado este excelso e venerável sacramento com singular solenidade; e honorificamente seja levado em procissão pelas ruas e lugares públicos.

A contestação reapareceu no século XX, sob rótulo de progressismo, particularmente desconhecedor da Igreja e de tudo quanto o Espírito Santo inspirou à Esposa Mística de Cristo, em especial, durante a Idade Média.
Fonte: Orações e Milagres Medievais

Na festa de Corpus Christi, o hino “Ave Verum” (“Salve, ó verdadeiro corpo”)

Elevação na Missa, Dorchester Abbey, ©Fr Lawrence OP


Na Idade Média foram compostas muitas músicas e poesias religiosas em louvor do Santíssimo Sacramento.

Esta grande devoção teve, aliás, imenso incremento no período medieval. Podemos então dizer que ela ‒ aperfeiçoada pela Contra-Reforma ‒ chegou até nós impreegnada do perfume da Idade Média.


A presencia real de Nosso Senhor Jesus Cristo, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade na Sagrada Eucaristia está fundamentada nas próprias palavras de Cristo na Última Ceia: “Este é meu corpo, esta é minha sangue”.

A Fé na presença real de Cristo na Eucaristia foi professada universalmente por toda a Igreja desde sua fundação.

Só com o protestantismo que apareceram contestações, aliás mais próximas da chicana do que qualquer outra coisa. Foram sobejamente refutadas pelos Doutores e notadamente pelo Concílio de Trento.

Na crise da fé no século XX, reapareceram falsos teólogos que pretenderam reviver os erros protestantes com outro nome.

É o malfadado progressismo, que tem menos fundamento na verdade do os próprios protestantes. Todos esses erros acabarão ficando à margem da História, como já ficaram os de Calvino, Zwinglio, Melanchton ou Lutero.

Elevação do cálice na Missa, Dorchester Abbey, ©Fr Lawrence OPNo século XI, portanto em plena Idade Média, a Igreja aprofundou o estudo racional da Presença Real.

Esse genuíno desenvolvimento do dogma católico gerou um grande movimento de piedade eucarística.

Um dos seus momentos culminantes foi a instituição da festa de Corpus Christi, em 1264.

Como o povo penetrado de verdadeira fé aspirava ver a Deus feito carne na Hóstia consagrada, foi introduzido na Missa o rito da elevação. Ele acontece logo depois da Consagração.

Durante a elevação, os medievais faziam soar um sino especial, e os fiéis espalhados pela catedral ou pela igreja acorriam para ver e adorar a Hóstia divina.

Também se acendia um círio num alto candeeiro. Posteriormente acendeu-se um castiçal pequeno, também chamado de palmatória, que assim ficava até a comunhão, para significar a presença real de Cristo na Eucaristia.

Nesses felizes tempos medievais em que florescia a fé foram compostos vários hinos ao Santíssimo Sacramento cantados até hoje, ou, pelo menos, até que a desordem progressista não os bloqueou. É de se esperar que essa sabotagem não dure muito.

São Tomás de Aquino, VaticanoEntre esse hinos fiéis reflexos do dogma católico figura o Ave Verum em posição de destaque.

Ele cantava-se especialmente após a Consagração, quando o verdadeiro corpo de Cristo estava realmente presente no altar, pois o hino começa “Salve, ó verdadeiro corpo”.

A maioria dos autores concorda em atribuir a autoria a São Tomás de Aquino (+ 1274).

Ele fez outros hinos também famosíssimos, cheios de lógica e unção, consagrados a Cristo Sacramentado.

Citemos, pelo menos, o Pange língua, o Verbum supernum prodiens, o Sacris sollemnis, o Adoro te devote e a não menos divinamente inspirada seqüência Lauda, Sion, Salvatorem.

Eis o texto do Ave Verum, com sua tradução ao português:

Ave verum corpus natum de Maria Virgine
Salve, ó verdadeiro corpo nascido da Virgem Maria

Vere passum, immolatum in cruce pro homine
Que verdadeiramente padeceu e foi imolado na cruz pelo homem

Cuius latus perforatum fluxit aqua et sanguine
De seu lado transpassado fluiu água e sangue

Esto nobis praegustatum mortis in examine
Sê para nós remédio na hora tremenda da morte

O Iesu dulcis, o Iesu pie, o Iesu fili Mariae.
Ó doce Jesus, ó bom Jesus, ó Jesus filho de Maria.


As exclamações finais foram objeto de pequenas adaptações segundo as dioceses.

Fonte: Pe. Manuel Jesús Carrasco Terriza“Cuerpo de Cristo, arte y vida de la Iglesia”.

A adoração das Quarenta Horas

No século XIII nasceu um Movimento Eucarístico que deu origem à Exposição e Bênção do Santíssimo Sacramento
Rei e Senhor do Universo, merece Jesus Cristo Nosso Senhor, real e verdadeiramente presente na Sagrada Eucaristia, que se Lhe prestem honras públicas, devidas a seus direitos sobre toda a criação.

Entre elas, a piedade católica, sancionada posteriormente por decretos pontifícios, excogitou a Adoração das 40 Horas, em que durante três dias o Santíssimo Sacramento é solenemente exposto, noite e dia, à pública adoração. Neste período, nenhum leigo deve entrar a rezar no presbitério.

Os Romanos Pontífices concederam inúmeras indulgências aos que publicamente façam atos de veneração ao divino Juiz e Rei Soberano, entre elas a de poder ganhar, em cada um dos três dias, uma indulgência plenária, fazendo uma visita a Sua Divina Majestade, tendo-se confessado e comungado, rezando diante do Santíssimo cinco Pater, Ave e Gloria, acrescentando mais um pelas intenções do Romano Pontífice. Outrossim, tantas vezes quantas se faça tal visita, podem-se ganhar quinze anos de indulgência.

A seguir, um resumo da história desta devoção, das principais normas litúrgicas e de algumas normas práticas, adequadas às dificuldades das capelas pequenas, nas quais um só sacerdote estará presente.

História

Na Idade Média (pelo menos desde o século X), difundiu-se em muitos lugares a devoção ao Santo Sepulcro do Salvador. Mantinha-se este erigido desde a Adoração da Cruz, na Sexta-Feira Santa, até a Missa de Ressurreição do Domingo de Páscoa.

O Concílio de Trento reforçou a devoção eucarística ao Corpo de Cristo, Corpus Christi
Durante este tempo (cerca de 40 horas) os fiéis oravam diante dele, recitando ou cantando salmos e outras preces, em memória e reconhecimento da morte e sepultura do Senhor, que também esteve no Sepulcro cerca de 40 horas, segundo fundada opinião,

Ao princípio, punha-se no sepulcro o símbolo de Jesus Cristo: a Cruz. No século XII, depositava-se nele o Crucifixo ou a imagem de Cristo. Mais tarde, no século XIV, colocou-se em relicário, incrustado no flanco desta imagem, o mesmo Corpo sacramentado de Jesus (com o qual a função adquiria um caráter de viva realidade, que excitava extraordinariamente a devoção dos fiéis). Por último, colocou-se no Sepulcro — digamos Tabernáculo — unicamente Jesus Sacramentado.

Quarenta horasEntretanto, esta devoção não seguiu em todas as partes o mesmo processo. Já no século X o santo Bispo Ulrico, de Augsburgo, depositava no Sepulcro somente o Santíssimo Sacramento. E no século XII os habitantes de Zara, metrópole da Dalmácia, também velavam Jesus Sacramentado, encerrado no Sepulcro, desde o entardecer de Quinta-Feira Santa até o meio-dia do Sábado Santo, por antecipar-se para este dia a Missa de Ressurreição, como se faz hoje.

Bastava que esta função — chamada já no século XIII Oratio XL Horarum in Passione Domini — se transferisse para outros dias do ano, para que dela resultasse a atual função das 40 Horas. O traslado fez-se no século XVI.

Em 1527, Antonio Belloto fundou na Igreja do Santo Sepulcro de Milão uma confraria, cujo objetivo precípuo era orar durante quarenta horas diante do Santíssimo posto no sepulcro, nas quatro principais festividades do ano, em memória da morte e sepultura de Jesus, com o fim de impetrar remédio para as grandes calamidades que então afligiam a Cristandade.

OstensorioDois anos mais tarde, o Pe. Tomás Nietto, OP, começou a propagar em todas as igrejas paroquiais de Milão essa devoção, divulgada em seguida por Santo Antonio Maria Zaccaria, com fruto ainda mais abundante, tanto em Milão como em Vicenza, pelos anos 1530 a 1534; com a particularidade de que este principiou a celebrar as 40 Horas com o Santíssimo Sacramento visivelmente exposto, como se fazia desde o século XIV em muitos lugares, em outras funções de Exposição.

Vale esclarecer que, quando foi introduzida a procissão de Corpus Christi, na segunda metade do século XIII, o Santíssimo era levado num vaso ou cálice cerrado e coberto por um véu. As custódias ou monstratoria, que através de um cristal deixavam ver o Santíssimo Sacramento, parece que começaram a ser usadas no século XIV, e somente em alguns lugares. Nos tempos de São Carlos Borromeo (1538-1584), observava-se em Milão um vestígio dessa disciplina antiga, pois, se bem que exposto o Santíssimo dentro de um vaso cilíndrico de cristal rematado em pirâmide, através do qual se podia ver a Sagrada Hóstia, tal vaso se cobria com um largo véu, por reverência à Sua Divina Majestade.

A Exposição do Santíssimo — visível ou velado no cálice — para sua adoração pelos fiéis é uma das principais manifestações do desenvolvimento do culto direto a Jesus na Sagrada Eucaristia, que teve lugar sobretudo a partir do século XIII, influindo não pouco sobre essa iniciativa o combate às heresias contra a presença real de Jesus Cristo no Sacramento, que apareceram a partir do século XI até o século XVI. Tais heresias, avivando a crença do povo cristão na divina Eucaristia, fizeram sentir a necessidade de render a Nosso Senhor a homenagem que reclamam Sua divindade e Sua bondade no Santíssimo Sacramento.

Claro que contribuíram para estender mais e mais as Exposições, públicas ou privadas, a Festa de Corpus Christi e o exercício das 40 Horas. Estas manifestações foram o termo feliz da evolução da devoção ao Santo Sepulcro de Nosso Senhor Jesus Cristo. Deus reservava aos tempos modernos esse foco de piedade da Exposição da Sagrada Eucaristia, que sua Providência nos depara com a habitual suavidade de seus traços divinos.

Santo InácioPor fim, o famoso pregador Pe. José de Fermo promoveu, nos anos 1537 e 1538, a instituição da Adoração Perpétua nas igrejas de Milão, pela qual nestas se sucedia, sem interrupção, a celebração das 40 Horas.

Santo Inácio de Loyola, com os seus, levou esta devoção a Roma. Foram também os jesuítas que a introduziram na Alemanha.

Paulo V a aprovou por primeira vez em 1539, e Clemente XI ordenou definitivamente seu rito, estabelecendo-a em Roma, em turno de Adoração Perpétua, mediante a famosa Instrução Clementina, publicada em 1705.

Da capital do orbe católico, estenderam-se as 40 Horas por todo o mundo.

(Fonte: Pe. José Vendrell, Pe. Antonino Tenas, Pe. Pedro Farnés, Pe. Joaquín Solans, "Manual Litúrgico" - Subirana, Barcelona, 1955, 2º vol., pp. 351-352, 189-390)

Corpus Christi e sua solene procissão em Toledo

Santissimo Sacramento na procissão


Na Idade Média, o Papa Urbano IV (1195 — 1264) instituiu a festa de Corpus Christi após o portentoso milagre eucarístico de Bolsena.

Agindo assim atendeu o apelo insistente de muitas almas que ardiam de devoção pelo Ssmo. Sacramento.



Origem da Festividade de Corpus Christi
Sobre como aconteceu a instituição da festa de Corpus Christi, veja embaixo:“Origem da Festividade de Corpus Christi”.

Esta festa, uma das mais solenes da Igreja, é marcada por grandes procissões eucarísticas, inclusive nos nossos tão conturbados dias de abandono da fé que a Igreja Católica ensina.

Apresentamos a seguir uma descrição por Felipe Barandiarán de uma das mais belas procissões nesta magna festa. Ela acontece todos os anos na cidade de Toledo (Espanha).

Muitos dos aspectos relatados pelo jornalista podem ser vistos no vídeo anexo.

Todos os corpos sociais participam oficialmente

A manhã está luminosa. Subo a pé, ofegante, as empinadas encostas de Toledo. 

Deixei o carro embaixo, estacionado junto ao rio Tejo, pois se é tarefa difícil circular habitualmente pela cidade, no dia de Corpus Christi torna-se impossível.

As estreitas ruas do centro histórico estão impedidas, porque a cidade está situada no alto de uma pronunciada elevação, defendida pelo próprio rio e pelas muralhas medievais.

No caminho, vou me unindo a muitos outros toledanos ou visitantes que se apressam como eu para assistir à grandiosa procissão.

Embora os ventos de vulgaridade que varrem o mundo moderno tenham desterrado o bom costume de se vestir melhor nos domingos e dias de festa, em Toledo, hoje, todos ostentam suas melhores vestes. 

E não há mulher que não estreie algo. Divirto-me ao ver as pessoas, encantadas, mostrando suas novidades em matéria de vestuário.

Ainda não cheguei à Praça de Zocodover, ao alto, centro nevrálgico desta pequena e imperial cidade, quando ouço uma salva de morteiros.

Voluntárias de Lourdes
Ela indica que a Missa Pontifical terminou e que a procissão começa a sair da chamada Porta Plana da catedral.

As pessoas estão postadas ao longo de todo o percurso. Somente os participantes do cortejo — metade de Toledo — e alguns convidados puderam assistir ao ofício divino no interior do templo.

Restringindo-se às preces, imóvel, para deixar livre o caminho, a outra metade de Toledo aguarda impaciente.

A rua está salpicada de areia molhada e plantas odoríferas, e os balcões engalanados com ricos tecidos bordados, bandeiras, mantas coloridas, grinaldas, vasos e alegres cestos de flores.

Em sinal de respeito e para acolher o Santíssimo Sacramento, antigos toldos de lona branca, provenientes das confrarias de tecelões e de especialistas em sedas, cobrem as ruas, estendidos ao longo das casas.

Agora já pode ser vista, abrindo o cortejo, a cavalaria da Guarda Civil. Atrás, a banda de música desta corporação e os timbaleiros da Prefeitura. 

Riquíssima custódia reservada para a procissão
Em seguida, ostentando uma vara da mesma altura da custódia do Santíssimo Sacramento, com a qual medira na véspera os espaços das ruas, para que nada impedisse o reluzimento do cortejo, vinha, vestido de negro, o mestre de cerimônias. 

Segue-lhe a cruz processional do século XV, presente do Rei Afonso V de Portugal, o Africano.

Valendo-me de minha credencial de jornalista, avanço discretamente em sentido oposto ao da procissão, cujo percurso é coberto pelos cadetes da Academia de Infantaria, instituição protagonista da legendária defesa do Alcácer de Toledo, na guerra de 1936 contra o comunismo.

A procissão transcorre em duas filas paralelas, tendo ao centro os priores, capelães ou dignidades de cada irmandade, cada qual portando báculo, medalha ou algum elemento que o distingue dos restantes de seus membros, e precedidos pelo estandarte correspondente.

Passo junto à confraria dos Cultivadores de Hortelã. Logo vêm os meninos e as meninas que fizeram a Primeira Comunhão, os grupos de Apostolado Secular e da Adoração Eucarística Perpétua, mais de 20 Confrarias e Irmandades com seus pendões correspondentes, a Hospitalidade de Lourdes e as Ordens Terceiras.

Ao som de seus instrumentos, a banda de música da Prefeitura arranca lágrimas de emoção. 

Continuo avançando. Quero chegar até a porta da Catedral. O espaço é exíguo. Fascina-me a maravilhosa simbiose entre cortejo e público estuante de vida, mas conservando a ordem com naturalidade.

Sucessivamente, passo pelas religiosas de vida apostólica, pelos Cavalheiros da Ordem de Malta, pelo Capítulo dos Cavalheiros Mozárabes e pelo do Santo Sepulcro, pelos Fidalgos de Illescas e os Cavalheiros de Corpus Christi, além de outros, que ostentam com galhardia suas cruzes distintivas nas capas.

Agora é a vez de passarem os seminaristas, o clero regular e secular, a Irmandade da Santa Caridade, a famosa Cruz de Mendoza, os acólitos e o Cabido Primado.

Estou felizmente diante da Catedral, junto à companhia militar perfilada para prestar honras ao Santíssimo Sacramento. 

Das paredes externas do magnífico templo gótico, em cuja entrada sorri encantadora a famosa imagem de Nossa Senhora, La Virgen Blanca.

Crianças da Primeira Comunhão
Da parede pendem 48 enormes tapetes flamengos com alegorias eucarísticas, datados do século XVII e confeccionados especialmente para esta festividade.

A famosa custódia toledana, encomendada pelo Cardeal Cisneros ao grande ourives do século XVI, Henrique de Arfe, está a ponto de cruzar o limiar da Porta Plana. 

Sinto, em torno de mim, a respiração contida. Um emocionante silêncio precede a custódia do Santíssimo. 

Sua aparição estala numa apoteose de aplausos, afogados pelo estrondo de salvas de 21 tiros de canhão (as mesmas devidas a um rei) e o repique dos sinos. 

A formação militar saúda e a banda de música interpreta com força a Marcha Real. Através da nuvem de incenso que nos envolve, o Santíssimo Sacramento avança lentamente. Deus está aqui!

A rica custódia gótica, de 183 quilos de prata e dezoito de ouro, é transportada numa carruagem florida sob a escolta dos cadetes da Academia de Infantaria. 

A procissão em andamento
Atrás, na segunda parte da procissão, vêm as máximas representações: o Arcebispo-primaz de Toledo com seu séquito, as autoridades regionais e provinciais, o prefeito da cidade acompanhado de seu gabinete, e o corpo docente universitário. 

Encerrando o cortejo, desfila a Companhia de Honras da Academia de Infantaria com sua bandeira e banda de música.

Diante de um pequeno palanque montado na Praça de Zocodover repleta de gente, a custódia se detém e um orador sacro pronuncia um sermão de exaltação eucarística. 

Ao terminar, acompanhando a procissão de regresso à catedral, a multidão entoa com devoção o popular hino de adoração ao Santíssimo:

“Cantemos ao Amor dos amores, cantemos ao Senhor. Deus está aqui! Vinde, adoradores; adoremos a Cristo Redentor.

“Glória a Cristo Jesus! Céus e Terra, bendizei ao Senhor. Louvor e glória a Ti, ó Rei da glória; Amor para sempre a Ti, Deus de amor!”

Se o sol de Toledo ilumina de verdade, mais do que ele resplandece e ofusca, elevado na custódia, o Santíssimo ao passar pelas suas ruas.


o corporal ensanguentado está na basílica de Orvieto onde pode é visto e venerado pelos fiéis
Corporal com gotas do Preciosíssimo Sangue do milagre de Bolsena,
na basílica de Orvieto
Origem da Festividade de Corpus Christi

Em fins do século XIII surgiu em Liège, na Bélgica, um movimento eucarístico cujo centro foi a Abadia de Cornillon, fundada em 1124 pelo bispo Albero de Liège.

Este movimento deu origem a vários costumes eucarísticos, como, por exemplo, a Exposição e Bênção do Santíssimo Sacramento, o uso da campainha durante a elevação na Missa e na festa de Corpus Christi.

A festividade foi celebrada pela primeira vez em 1246, tendo sido fixada para a quinta-feira posterior à comemoração do dia da Santíssima Trindade.

O Papa Urbano IV (1195 — 1264) tinha então sua cúria em Orvieto, um pouco ao norte de Roma.

Muito próximo dessa localidade encontra-se Bolsena, onde em 1264 ocorreu o famoso Milagre de Bolsena: um sacerdote que celebrava a Santa Missa teve dúvidas de que a Consagração fosse real.

Ao partir a Hóstia, dela saiu sangue, o qual foi empapando o tecido chamado corporal. A venerável relíquia foi levada em procissão a Orvieto em 19 de junho de 1264.

Um dia, em plena Missa, ao partir a Sagrada Forma, saiu dEla sangue que empapou o corporal.
O padre celebrava mas com sérias dúvidas
sobre Presença Real de Cristo na Hóstia consagrada
quando essa começou a pingar sangue.
Hoje se conservam em Orvieto os corporais — onde o cálice e a patena se apoiam durante a Missa do milagre —, podendo-se também ver a pedra do altar de Bolsena manchada de sangue.

Movido por aquele prodígio e a pedido de vários bispos, o Santo Padre determinou que a festa de Corpus Christi se estendesse a toda a Igreja por meio da bulaTransiturus, fixando-a para a quinta-feira depois da oitava de Pentecostes.

Depois, segundo alguns biógrafos, o Papa Urbano IV encomendou um Ofício — liturgia das horas — a São Boaventura e a Santo Tomás de Aquino; quando o Pontífice começou a ler em voz alta o Ofício composto pelos dois santos, foi rasgando o de sua autoria em pedaços...

Nenhum dos decretos exarados então se refere à procissão com o Santíssimo Sacramento como um ato da celebração.

Entretanto, a mesma foi dotada de indulgências pelos Papas e o Concílio de Trento enaltece esse piedoso costume.
Apresentação em vídeo da procissão de Corpus Christi em Toledo, Espanha

Fonte: Orações e Milagres Medievais

Em Siena: um milagre eucarístico permanente

Milagre eucarístico de Siena


Na basílica de São Francisco na cidade de Siena, na Toscana, norte da Itália, venera-se um dos mais impressionantes milagres eucarísticos já acontecidos e que perdura até hoje.

Trata-se de 223 hóstias consagradas há 280 anos e que até agora estão intactas em uma das capelas laterais da basílica.

Os peregrinos “vêm de todo o mundo, onde há católicos. Vêm para ver o milagre. Quando chegam, cantam, comovem-se e choram de alegria”, explica o sacerdote franciscano Frei Paolo Spring, responsável da custódia das hóstias consagradas.

O fato sobrenatural aconteceu 14 de agosto de 1730. Mais precisamente, na véspera da festa da assunção de Nossa Senhora. 

Na previsão da festa em todas as igrejas de Siena, os sacerdotes consagraram hóstias adicionais para quem quisesse receber o Corpo de Cristo no dia seguinte.

Na noite daquele dia, todos os sacerdotes de Siena se reuniram na catedral para fazer uma vigília e deixaram suas respectivas igrejas sozinhas. Alguns ladrões aproveitaram e entraram na basílica de São Francisco para roubar o copo de ouro com as hóstias consagradas.

Na manhã seguinte se deram conta do sacrilégio: as hóstias não estavam e, no meio da rua, um paroquiano encontrou a parte de cima do copo confirmando que a Sagrada Eucaristia havia sido roubada. 

Siena, basilica de São Francisco
Os habitantes de Siena começaram então a rezar para que aparecessem as partículas que do Corpo, Sangue, alma e divindade de Jesus Cristo.

Três dias depois, um homem que rezava na igreja de Santa Maria em Provenzano, bem perto da Basílica de São Francisco, viu algo de cor branca numa caixa destinada para doação dos pobres.

Quando abriram a caixa, encontraram as 351 hóstias consagradas ‒ o número exato de hóstias roubadas. 

Elas estavam cheias de poeira e teia de aranha e os sacerdotes as limparam cuidadosamente.

Milhares de fiéis foram até a basílica em espírito de adoração e reparação para agradecer a descoberta. Essas não foram distribuídas, ao que parece, porque os franciscanos queriam que os peregrinos as adorassem até o momento em que se deteriorassem (porque ao se deteriorar, desaparece a presença real de Cristo).

Mas as hóstias permaneciam intactas e com um odor muito agradável. O povo começou a considerá-las milagrosas e cada vez iam mais peregrinos para adorá-las. Algumas poucas foram distribuídas em ocasiões especiais.

Milagre eucarístico de Siena
Hoje, 280 anos depois, ainda permanecem 223 hóstias exatamente no mesmo estado que tinham no dia em que foram consagradas. 

“Em diversas etapas foram examinadas e fisicamente conservam todas as características de uma hóstia recém-feita”, explica o padre Paolo.

Em 1914, foi feito um exame mais rigoroso desse milagre, por disposição do Papa São Pio X. “As Sagradas Partículas resultaram em perfeito estado de consistência, lúcidas, brancas, perfumadas e intactas”, disse padre Spring.

Na mesma ocasião os exames constataram que as hóstias roubadas estavam conservadas sem precauções científicas e guardadas em condições normais, e que, por isso mesmo, a deterioração deveria ter sido rápida.

Numerosos Papas e Santos ‒ como Don Bosco ‒ foram adorar o Corpo de Cristo miraculosamente preservado até hoje.

“Aqui existem duas coisas milagrosas”, diz o padre Spring, apontando as hóstias consagradas há quase três séculos. “O tempo não existe, se deteve”. E o sacerdote explica o segundo milagre: “os corpos compostos e as substâncias orgânicas estão sujeitos a murchar”. É um milagre vivo, contínuo, não sabemos até quando o Senhor o permitirá”, concluiu.

Fonte: Agência Zenit, ZP10032405.
O milagre eucarístico de Lanciano segundo o cientista que comprovou sua autenticidade
Lanciano: carne de Cristo em custódia de prata
Lanciano: carne de Cristo em custódia de prata
O doutor Edoardo Linoli afirma que portou em suas mãos um verdadeiro tecido cardíaco, ao analisar anos atrás as relíquias do milagre eucarístico de Lanciano (Itália), o mais antigo dos conhecidos.

O fato miraculoso se remonta ao século VIII. 

Em Lanciano, na igreja dedicada a São Legonciano, um monge basiliano que celebrava a missa em rito latino começou a duvidar da presença real de Cristo sob as sagradas espécies após a consagração. 

Nesse momento, o sacerdote viu como a sagrada hóstia se transformava em carne humana e o vinho em sangue, que posteriormente se coagulou. 

Professor de Anatomia e Histologia Patológica, de Química e Microscopia Clínica, e ex-chefe do Laboratório de Anatomia Patológica no Hospital de Arezzo, o doutor Linoli foi o único que analisou as relíquias do milagre de Lanciano. Seus resultados suscitaram um grande interesse no mundo científico. 


O Dr. Edoardo Linoli, autor das análises
O Dr. Edoardo Linoli, autor das análises
Em novembro de 1970, por iniciativa do arcebispo de Lanciano, Dom Pacífico Perantoni, e do ministro provincial dos Conventuais de Abruzzo, contando com a autorização de Roma, os Franciscanos de Lanciano decidiram submeter a exame científico as relíquias. 

Encomendou-se a tarefa ao professor Linoli, ajudado pelo professor Ruggero Bertelli, da Universidade de Siena. 

Com a maior atenção, o professor Linoli extraiu partes das relíquias e submeteu a análise os restos de “carne e sangue milagrosos”. 

Em 4 de março de 1971 a equipe apresentou os resultados. 

Estes evidenciam que a carne e o sangue são com certeza de natureza humana. A carne é inequivocamente tecido cardíaco, e o sangue é verdadeiramente de homem pertencendo ao grupo AB. 

Consultado pela agência Zenit, o professor Linoli explicou que, “no que diz respeito à carne, encontrei que a carne que tinha na minha mão provinha do endocárdio. Portanto não há dúvida alguma de que se trata de tecido cardíaco”. 

Trabalho do Dr. Linoli  publicado pelo diário vaticano "L'Osservatore Romano"
Trabalho do Dr. Linoli
publicado pelo diário vaticano "L'Osservatore Romano"
Quanto ao sangue, o cientista sublinhou que “o grupo sanguíneo é o mesmo do homem do Santo Sudário de Turim, e é singular porque tem as características de um homem que nasceu e viveu nas zonas do Oriente Médio”. 

“O grupo sanguíneo AB, de fato, se encontra numa porcentagem pequena que vai de 0,5 a 1%, enquanto que na Palestina e nas regiões do Oriente Médio é de 14-15%”, apontou.
Prof. Ruggero Bertelli aprova trabalho do Dr. Linoli
Prof. Ruggero Bertelli aprova trabalho do Dr. Linoli
A análise do professor Linoli revelou também que não havia na relíquia substâncias conservantes e que o sangue não podia ter sido extraído de um cadáver, porque se teria alterado rapidamente. 

O informe do professor Linoli foi publicado em “Quaderni Sclavo di diagnostica clinica e di laboratório” (1971, fasc 3, Grafiche Meini, Siena). 

Em 1973, o conselho superior da Organização Mundial da Saúde (OMS) nomeou uma comissão científica para verificar as conclusões do médico italiano. 

Os trabalhos se prolongaram por 15 meses, com um total de quinhentos exames.

As conclusões de todas as investigações confirmaram o que havia sido declarado e publicado na Itália. 

O extrato dos trabalhos científicos da comissão médica da OMS foi publicado em dezembro de 1976, em Nova York e em Genebra, confirmando a impossibilidade da ciência de dar uma explicação a este fenômeno.

O professor Linoli falou novamente no Congresso sobre os milagres eucarísticos organizado pelo Master em Ciência e Fé do Ateneu Pontifício Regina Apostolorum (Roma), em colaboração com o Instituto São Clemente I Papa e Mártir, por ocasião do Ano Eucarístico de 2005. 
Lanciano: relíquias expostas
Lanciano: relíquias expostas

“Os milagres eucarísticos são fenômenos extraordinários de diferente tipo”, explicou o diretor do Congresso, padre Rafael Pascual LC, em “Rádio Vaticano”: “Por exemplo, há a transformação das espécies do pão e do vinho em carne e sangue, a preservação milagrosa das Hóstias consagradas, ou algumas hóstias que vertem sangue”.

“Na Itália, há vários lugares onde ocorreram esses milagres eucarísticos – declarou – mas também os encontramos na França, Alemanha, Holanda, Espanha” e alguns “na América do Norte”.

Fonte: Orações e Milagres Medievais

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