AVE, CHEIA DE GRAÇA
Na Antiguidade, considerava-se um acontecimento muito grande que os anjos aparecessem aos homens, que tinham por inestimável honra prestar-lhes reverência. Por isso também, em louvor de Abraão se escreveu que hospedou anjos em casa, e lhes manifestou reverência (Gn 18:2). Mas nunca se ouviu dizer que um anjo houvesse reverenciado um ser humano até que um Anjo saudou a Bem-aventurada Virgem Maria dizendo reverentemente: “Ave“.
Que na Antiguidade o anjo não tivesse reverenciado o homem, mas sim o contrário, explica-se pelo fato de que o anjo superava o homem em três aspectos:
Primeiro, pela dignidade da sua natureza, que é puramente espiritual, conforme diz o Salmo: “dos ventos fazes os Teus mensageiros“(Sl 103: 4). O homem, porém, é de natureza corruptível, como reconhecia Abraão: “falarei ao meu Senhor, ainda que eu seja pó e cinza“(Gn 18:27). Não era conveniente, portanto, que a criatura puramente espiritual e in- corruptível demonstrasse reverência àquela que é corruptível, a saber, o homem.
Segundo, por sua familiaridade com Deus, pois, sendo seu auxiliar, o anjo Lhe é íntimo, conforme se lê em (Daniel 7:10) : “milhares de milhares O servem, inumeráveis são os que assistem diante d’Ele“. Porém, pelo pecado, o homem se fez como que estranho e exilado de Deus, como o confessava o Salmista: “fugi para longe e permaneci no de- serto” (Sl 54:8). Era conveniente, portanto, que o anjo, que é próximo e familiar ao Rei, fosse reverenciado pelo homem.
Terceiro, o anjo era superior por causa da plenitude do esplendor da graça divina. Com efeito, os anjos participam da luz divina na suma plenitude, conforme se lê no livro de (Jó 25:3) : “porventura têm número as su- as milícias? E sobre quem é que não se levanta a sua luz? ” . Eis porque os anjos sempre aparecem revestidos de luz. Os homens, porém, fazem-no num grau muito menor e com certa obscuridade.
Não era conveniente, portanto, que os anjos prestassem reverência ao homem até que se encontrasse no gênero humano alguém que os superasse nesses três aspectos. Este foi o caso da Bem-aventurada Virgem Maria. Eis porque, para dar a entender que realmente lhe era superior, o Anjo quis manifestar-lhe reverência, dizendo:”Ave“.
Não era conveniente, portanto, que os anjos prestassem reverência ao homem até que se encontrasse no gênero humano alguém que os superasse nesses três aspectos. Este foi o caso da Bem-aventurada Virgem Maria. Eis porque, para dar a entender que realmente lhe era superior, o Anjo quis manifestar-lhe reverência, dizendo:”Ave“.
Fonte: Comentário à Ave Maria – Santo Tomás de Aquino
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